"Queria ter podido falar sobre toda a sequência inicial do filme, mas obrigam-me as regras do jogo a indicar apenas um plano, pelo que escolho este inicial, até ao primeiro corte.
Não se trata de um plano-sequência particularmente virtuoso, mas o virtuosismo nunca foi o meu forte (embora Ophüls seja um dos meus homens), pelo que não importa. O verdadeiramente impressionante nesta cena é o modo como atribui sentidos a todo o filme que lhe segue. Está lá tudo o que importa: o beijo (a fisicalidade do amor), o anel (o amor como símbolo de um sítio onde as almas se juntam, tornam-se iguais), Moon River (o amor filtrado pela memória do cinema). Quando Pedro diz «amo-te» e Rui responde «vais ter que me provar isso», está-se a definir o filme: uma prova de amor. Talvez não haja algo mais romântico que o regresso do mundo dos mortos para se unir ao amado (embora Orfeu rivalize). E sempre gostei de estruturas circulares (Ophüls outra vez): esta cena inicial será repetida, com variações óbvias, no final, antes do epílogo. É um filme em que se percorre um longo caminho para se chegar ao mesmo sítio, aquele em que duas pessoas coexistem simplesmente. Esta sequência é isto." (José Bértolo)
A quem interessar, o José publicou uma análise a toda a sequência, no Interlúdio.
O próximo convidado é o Harry Madox
4 comentários:
Não vi o filme. Mas gostei muito de ver este plano (toda a sequência) pelos olhos do José Bértolo. Muito bonito.
Também não vi o filme, mas está para breve. Como é óbvio, também gostei muito de a ver pelos olhos do José.
Olá!!
Gostei muito do espaço que criou...
Posso te add em meus links na lateral de meu blog?
Já estou seguindo!
Um abraço,
Kleber
oteatrodavida.blogspot.com
Obrigado, Kleber.
Claro que podes.. :)
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