"(...) clássica é a obra que permanece pelo direito que lhe advém da qualidade alcançada. Melhor será dizer: que permanece ou tem intrínseco direito a aspirar a essa permanência...
"Permanência, evidentemente, sujeita às metamorfoses (rupturas, ressungências, continuidades tantas vezes veladas) que o tempo ou o olhar temporalizado imprimem a toda a obra já clássica ou em vias de o ser.
"É que a jornada histórica da humanidade vem de longe, mas dirige-se para bem mais longe ainda.
"Ora, em cada momento de consciencialização efectivamente cultural, em cada homem que, solitariamente, assume a sua condição de ser pensante, há como que um recomeço cíclico de aspirações que, naturalmente, se projectam no futuro. Dramas e alegrias, realidades e sonhos, desespero e esperanças constituem o tecido da breve viagem de cada um de nós. É bem menos breve, porém, a viagem maior em que a nossa própria se integra, como se esta fosse uma manada desse conjunto que, como tal, se nos escapa.
"Pois bem: a esse respeito, é muito possível que a intimidade com a obra clássica possa ajudar cada um de nós a ser de outro modo aquilo que tem obrigação de ser.
"Obra clássica: aquela que pertence quer ao passado quer ao futuro e, mediante cada um de nós, está também no coração do presente."
descrição não assinada da «Colecção Horizonte - Clássicos»
(direcção de Joel Serrão)
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