Cronenberg não teve, ainda, grande menção neste espaço, mas é dos meus cineastas preferidos. Foi, aliás, com Carpenter, o realizador que mais cedo descobri. E adoro toda a sua obra - tirando "The Fly" e "Fast Company"- de "Scanners" a "Eastern Promises", dos delírios literários de "The Naked Lunch" aos delírios entre a realidade e a fantasia de "eXistenZ" e do labirinto narrativo de "Spider" ao classicismo narrativo de "A History of Violence". Tão diferentes e, no entanto, tão iguais.
Porque, no fim, os filmes de Cronenberg têm uma e a mesma preocupação:, a de analisar a o ser humano através daquele que é o facto mais inabalável da sua existência: o corpo.
De todos eles gosto, mas só um prefiro: "Crash":
Vê-lo depois de ver o realizador a falar, e com sala cheia e em silêncio, foi fenomenal. Tudo o que tinha adorado quando o vi na televisão ampliou: aquela simplicidade (só aparente), a viagem delinquente, mas sedutora, dos orgasmos rodoviários, as personagens que falam em sussurros e que, claro, comunicam com os corpos... o que é "Crash"? - um suceder de episódios sexuais ou muito mais que isso?
É o ser humano a testar os seus limites, é o ser humano a resistir à insatisfação, a tentar viver?
É um filme para sentir, como poucos o são...
E só houve um filme que me marcasse tanto como este nos anos 90: "Escape From L.A." de John Carpenter...
3 comentários:
E o Cronenberg psicológico? O de Stereo, o seu primeiro filme. Esse ainda é mais neurótico e sobretudo experimentalista ;)
Ainda não vi esse, nem conhecia. Tenho que ver se preencho essa lacuna...
Também é o meu preferido do Cronenberg. Se tivesse que fazer um top 5 dos anos 90 entrava com certeza, e juntava-lhe o "Heat" do Mann, o "Escape From L.A." do Carpenter, o "Vento Levar-nos-á" do Kiarostami e o "Vale Abrãao" do Oliveira.
Finalmente alguém que falou bem desse filme, todo mundo fica dizendo que sentiu desconforto e blabla. Esse filmes é pra ser visto sem os conceitos comuns de 'estranho e normal'. Ótimo Blog.
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