sexta-feira, 26 de junho de 2009

Uma Viagem Pelo Musical - 2

Vincente Minnelli



Quando a MGM deu a Arthur Freed uma unidade independente em 1939 (a Arthur Freed Unit) depois do óptimo trabalho que este fez em "The Wizard of Oz" (como produtor associado), o Musical chegou aquele que pode ser considerado o seu apogeu. Os "anos Freed" vão de "Babes in Arms" (de Busby Berkeley - o coreógrafo tornou-se realizador) de 1940 a "The Subterraneans" (Ranald Mcdougall) de 1960. Foram feitos musicais dignos de nota fora da "Freed Unit" ("Carmen Jones" e "Centennial Summer" de Otto Preminger sob a chancela da Fox, "Anchors Aweigh" de George Sidney - nas fotos em baixo - e mais dois que abordarei nos posts seguintes) mas é nesta companhia que se reunem os talentos mais geniais do género: Vincente Minnelli (cuja obra abordarei neste post) e Stanley Donen. Bem como Fred Astaire, Cyd Charise, Judy Garland, Judy Holliday, Gene Kelly e Frank Sinatra.





Vincente Minnelli nasceu em 1903. Trabalhou no teatro, na Broadway até a MGM o contratar para realizar "Cabin in the Sky" em 1943. Seguiram-se maravilhas como "Meet Me in St. Louis" ou "The Pirate" nos anos 40 e óptimos filmes como "An American In Paris" e "Gigi" (ambos ganharam o Óscar de Melhor Filme em 1951 e 1958, respectivamente) nos anos 50.
De Vincente Minnelli muito se disse: falou-se da sua obsessão pelo enquadramento e pela iluminação, da psicanálise (os personagens nos seus filmes estão à beira de neuroses - memórias reprimidas, sociedade e famílias castradoras) e claro dos seus movimentos de câmara. O ponto da psicanálise é aliás bastante interessante porque nos remete obviamente para os seus melodramas (sendo "Some Came Running" e os seus personagens disso o exemplo máximo, ou o Van Gogh de "Lust for Life"), se bem que faça também sentido para os seus Musicais: os personagens nestes últimos conseguem salvar-se por assim dizer, da neurose. "The Band Wagon" e "The Bad and the Beautiful" ilustram isso mesmo, ambos sobre o Cinema - sobre a encenação - os resultados são muito diferentes, são aliás contrários no que ao percurso das personagens e aos seus sentimentos dizem respeito. Tony Hunter (Fred Astaire) em "The Band wagon" tem todos os motivos para se sentir infeliz (vedeta esquecida de Hollywood, sem emprego), mas nunca se vai abaixo, porque é o personagem de um Musical. O oposto acontece com Jonathan Shields (Kirk Douglas) em "The Bad and the Beautiful" - ele tem todos os motivos para se ir abaixo no filme (realizador sem sucesso, vai à falência) e vai-se porque é personagem de um Melodrama. Os filmes são duas faces da mesma moeda, uma é um hino ao espectáculo que se vive em Hollywood, e o outro uma denúncia às hipocrisias e enganos que a esse espectáculo estão associados.







Brigadoon, Brigadoon
Blooming under sable skies
Brigadoon, Brigadoon
There my heart forever lies

Assim começa "Brigadoon", o meu Musical preferido de Minnelli (juntamente com "Bells Are Ringing", do qual falarei mais à frente). Tommy Albright (Gene Kelly) encontra o seu amor (Cyd Charise) em Brigadoon, uma terra encantada, de sonho que o obriga a "lutar" com a Realidade e com a vida citadina (nunca a cidade pareceu tão horrível num filme, como as suas pessoas e rotinas).
É o sublime de Brigadoon, as montanhas, as brumas, as pessoas que Encantam Tommy Albright e o próprio espectador, e os levam numa viagem sem retorno porque de Brigadoon ninguém quer sair, e quem sai quer voltar de seguida.
"Brigadoon" leva a dualidade Fantasia/Realidade tão longe que se chega a esquecer da narrativa, apostando mais nas cores da Escócia, nos números musicais e nos seus planos (que neste filme não são menos que mágicos - todo e cada um deles), transformando-o num filme verdadeiramente experimental para os parâmetros dos estúdios de Hollywood, e um outsider - foi um flop na estreia.

BRILHANTE!

"Bells Are Ringing" de 1960 esteve longe de ser um sucesso. É contudo, um filme genial - do carisma da sua actriz principal, passando pela mise en scène de Minnelli, a todo o sentimento de "simpatia e bondade com o próximo" que atravessa o filme.
Ella Peterson (Judy Holliday) trabalha na "Susanswerphone", uma central de atendimento e apaixona-se por uma voz cantando a esse respeito:

I`m in love with a man
Plaza-O-Double-O-Double-Three
What a perfect relationship
I can`t see him, he can`t see me

Último papel de Judy Holliday (papel que vale por uma vida) - todo o filme é construído à volta da sua personagem e da relação com o escritor Jeffrey Moss (Dean Martin).
Ella Peterson é um ser humano notável, daqueles personagens cuja empatia é (ou pelo menos devia ser) imediata.E "Bells are Ringing" é um filme que estimula as pessoas a tornarem-se melhores, ou a quererem ser melhores no mínimo.
Por todas as suas homenagens (à Nouvelle Vague, que começava agora a ganhar notoriedade, a Marlon Brando e ao Actors studio) por todo o seu apelo à "joie de vivre", pelo seu scope e claro (SEMPRE em Minnelli) os seus enquadramentos e "Just In Time":

Just in time
I found you just in time
Before you came my time
Was running low
I was lost
The losing dice were tossed
My bridges all were crossed
Nowhere to go

Now you`re here
And now I know just where I`m going
No more doubt or fear
Cause I found my way
For love came just in time
You found me just in time
And saved my lonely life
That lovely day


Fim da 2ª Parte

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Uma Viagem Pelo Musical - 1

ou

Como um Filme me fez (re)pensar todo um Género:

O filme foi "Les Demoiselles de Rochefort" e este é o meu maior post de sempre:


Quando chegou o som ao Cinema, o primeiro filme sonoro (por assim dizer) foi um Musical -"The Jazz Singer". 2 anos depois, outro musical ("The Broadway Melody") ganhava os Óscares apenas na sua segunda edição e no que aos Óscares diz respeito foram 10 os Musicais que receberam a estatueta de Melhor Filme,e com 82 anos de existência isso significa que mais de 10 % dos laureados são Musicais (se bem que nem sempre da melhor qualidade, é verdade).
Já se faziam curtas musicais durante os anos 20, cortesia de Lee deForest e antes de "The Jazz Singer", a Warner e a First Nacional usando o processo Vitaphone, produziram centenas de curtas sonoras, entre as quais interpretações de bandas e pianistas, mas ninguém estava ainda preparado para a explosão do Musical.
Em 1933 estreia "Gold Diggers of 1933" de Mervyn Leroy e encenado pelo grande Busby Berkeley (hoje em dia não se sabe qual deles é o maior responsável pelo resultado do filme):o Musical da Broadway abordava as feridas da 1ª Guerra Mundial mas o filme, feito na altura da Grande Depressão, pode ser visto como uma metáfora para os acontecimentos de finais de 20, senão veja-se que o filme começa com uma alegria imensa através do número festivo "We`re in the Money" e acaba naquele que é provavelmente o número musical mais terrivelmente pungente de todos os tempos (sim, mais que os de "Dancer in the Dark"), Remember my Forgotten Man:
I don't know if he deserves a bit of sympathy
Forget your sympathy, that's all right with me
I was satisfied to drift along from day to day
Till they came and took my man away

Remember my forgotten man
You put a rifle in his hand
You sent him far away
You shouted: "Hip-hooray!"
But look at him today

Remember my forgotten man
You had him cultivate the land
He walked behind the plow
The sweat fell from his brow
But look at him right now

And once, he used to love me
I was happy then
He used to take care of me
Won't you bring him back again?

'Cause ever since the world began
A woman's got to have a man
Forgetting him, you see
Means you're forgetting me
Like my forgotten man
Não vi vários dos musicais de Fred Astaire e Ginger Rogers. Vi apenas "The Gay Divorcee", mas acredito sinceramente que foram sucessos mais pelo estatuto de estrelas do par do que pela qualidade dos filmes. Não vi "Love Me Tonight" (1932) de Rouben Mamoulian nem "Hallelujah, I´m a Bum" (1933) de Lewis Milestone. Mas destaco os esforços dos irmãos Marx e da Disney, ainda que não possam bem ser considerados Musicais, não no verdadeiro sentido da palavra.



FINALMENTE e a fechar os grandes Musicais antes da equipa de Arthur Freed tomar de assalto o género, 1939 é o ano de "The Wizard of Oz" de Victor Fleming. Toda a magia do filme, o sublimar das cores e a mensagem mais deliciosamente dúbia da história do Cinema através do uso das próprias cores - o Kansas a preto e branco e as cores de Oz. Dir-me ão que o Kansas e Oz são uma e a mesma coisa e que a imaginação de uma criança é a mais explêndida das coisas, mas naquele final há (penso eu) um enorme sentido de perda. "The Wizard of Oz" é o filme com mais poder na cultura popular: as filmagens caóticas, a enorme infelicidade da "child actress" Judy Garland, a "Yellow Brick Road", a "Wicked Witch of the west", as leituras sexuais, as mensagens escondidas. É um filme mágico, sublime e tem já nele toda a fantasia e beleza do Musical, a capacidade de nos levar para um lugar melhor, para escaparmos à realidade enfadonha do dia a dia.



sábado, 20 de junho de 2009

"Céline et Julie vont en Bateau" - 1974


"Le plus souvent, ça commençait comme ça":


Antes de mais, 1974 é um ano extraordinário:

"F For Fake" de Orson Welles - prodígio da montagem e da realização, um espelho da actividade cinematográfica. "Parade" de Jacques Tati - prodígio da montagem e da realização e também um espelho da actividade cinematográfica. Ambos Welles e Tati são os "protagonistas" destes filmes, e os filmes, esses são marcos, obras-primas, que ainda hoje e muito infelizmente (ou não), estão à frente do tempo.



"Céline et Julie vont en Bateau" é tudo o que estes filmes são: Obra-prima de Jacques Rivette, filme revolucionário em termos narrativos e um profundo estudo do labor cinematográfico.

1974 parece-me ser aliás o ano em que mais se pensou o Cinema em filmes: Nesse ano, Francis Ford Coppola e Sam Peckinpah (e isto já é uma análise mais subjectiva) propuseram abordagens bastante interessantes à realização cinematográfica: "The Conversation" e "Bring Me The Head of Alfredo Garcia". Porque Harry Caul e Bennie são alter-egos dos seus realizadores e os trabalhos que lhes incumbem ( a gravação em "The Conversation" e a demanda pela cabeça em "Bring Me The Head of Alfredo Garcia) podem ser vistos como metáforas para o papel ou o trabalho do próprio realizador num filme.



Mas voltemos a "Céline et Julie":

Jacques Rivette é o responsável pela "mise-en-scéne" ( é assim que vem creditado no filme) e na boa tradição da Nouvelle Vague ( pois também faz parte dela) cruza várias referências literárias e cinematográficas, de Lewis Carrol (Céline e Julie são duas Alices) a Howard Hawks ("Gentleman Prefer Blondes" vem logo à cabeça).

O argumento foi escrito pelo "metteur en scéne" e pelo elenco (parte do ritmo e da dinâmica do filme derivará desse facto) e é o exemplo paradigmático de como um guião inventivo (neste caso até revolucionário) pode vencer a escassez de meios. E porque é que "Céline et Julie" é revolucionário em termos narrativos? - Porque é uma desconstrucção do próprio conceito da narrativa: O que é uma história? O que é um espectador, qual é o seu papel? O que é um filme?
Julie e Céline são uma bibliotecária e uma mágica, respectivamente e conhecem-se no princípio do filme ( naquela que é das mais memoráveis sequências de perseguição no Cinema). Céline revela então a Julie que esteve numa casa ou numa história onde viviam quatro pessoas. Lá fez de empregada e depressa convidou Julie a participar também, e ambas entram na história comendo rebuçados ( isto foi visto na altura da estreia como uma metáfora para a LSD) e vivem-na vezes sem conta.

"Céline et Julie" é uma metáfora infinita: Metáforas sexuais, políticas, cinematográficas, está tudo lá. "Céline et Julie" é a Vida, é o Mundo, é o Cinema. "Céline et Julie" é isso tudo e mais ainda, porque não há palavras que possam descrever "Céline et Julie vont en bateau".

Entrevista a Jacques Rivette e Críticas de Jacques Rivette

terça-feira, 16 de junho de 2009

Budd Boetticher




"When I was doing research for "The Rise and Fall of Legs Diamond", I went out to Chicago, Detroit, and Cleveland, and I met all the hoods. They would meet me in restaurants, and they would say, "Mr. Boetticher," pronouncing my name correctly, "may we sit down?" always two guys, very well dressed, Brooks Brothers suits, and they would sit down and say,"we understand you're gonna make a picture about Jack Diamond." I said, "well, I'm gonna try." They said, "what kind of picture is it gonna be?" I responded, "well, the greatest picture I ever saw was made by a woman, Leni Riefenstahl, Triumph of the Will (1934), about `one of the most despicable men of all time, Adolf Hitler. So I want to make a picture about a miserable, no good son-of-a-bitch that when you walk out of the theater, you say, "God, wasn't he great!" And then you take two steps, and you say, "wait a minute, he was a miserable son-of-a-bitch!" You know, there's nothing like Triumph of the Will ever. That film not only made Nazism look good; it made Hitler look good! That's a neat trick if you can do it. I first saw the film in a theater in the Navy Department, with Richard Carlson and Gene Kelly, and we ran the complete uncut version of Riefenstahl's picture. And when the lights came on, we really peeked around to see that nobody was there, and then we said to each other, "Heil Hitler!" The thing is, no matter how you try to recut that film to make Hitler look bad, you can't do it. You start with him flying through the clouds in an airplane, and then he descends from the heavens, and he looks like Christ."

Porque é que a maior parte dos filmes de Budd Boetticher não existe em DVD?, porque é que a maior parte das pessoas não o conhece sequer? Quanto vou ter que esperar para poder ver a série "Buchanan" inteira?
Vale esta entrevista enquanto se espera pelo resto. E estes posts.


sexta-feira, 5 de junho de 2009

"Cigarrette Burns" - 2005





Falei de John Carpenter há 4 posts por circunstância, e a bem dizer, ele merece mais que uma mera circunstância. Dedicarei por isso este post ao realizador e ao último filme que vi dele. Filme que me marcou profundamente, como me marcaram aliás todos os "carpenters".

De "Vampires", primeiro filme que vi do mestre, a este "Cigarrette Burns", a excursão, a viagem pela sua obra tem sido alucinante e tornou-se inesquecível, permitindo-me descobrir obras-primas absolutas como "Escape From L.A." ou Prince of Darkness.

Mas não serão obras-primas todos os filmes de Carpenter? E não serão os últimos filmes ( de Escape from L.A. a Cigarrette Burns - não vi Pro-Life) o culminar da sua arte, da sua visão do mundo, obras de um artista em estado confessional até?

O cinismo e o cepticismo, a anarquia e a rebeldia, sempre presentes na obra de Carpenter, são nestes filmes de uma força demolidora e em L.A. e Burns até magoam, doem, porque em última instância nos remetem para o próprio destino de John Carpenter como cineasta (do seu sucesso crítico e comercial nos anos 70 e 80 até ao declínio nos anos 90) e também para a sua relação de amor/ódio com Hollywood.

Os estúdios em ruínas no fundo do mar em "L.A" e a cinefilia demente, levada às mais cruéis consequências em "Burns". Dois filmes que nos avisam que o Cinema está a morrer (L.A:) ou que já está morto ("Cigarrette Burns") e que acabam como acabam todos os filmes de John Carpenter. Em plena, ainda que estilizada desgraça.

A queda de Carpenter teve que ver, penso eu, com o rótulo de "mestre do horror". Um pouco como Hitchcock nos anos 40 e 50 (glória absoluta) e nos anos 60 e 70 (declínio). Hitchcock era o "mestre do suspense" nos tempos "áureos". Só que há realizadores, como há escritores, que não fazem filmes ou escrevem livros num determinado género, mas são antes o próprio género. Hitchcock fez filmes "hitchcockianos" sempre, mas foi catalogado num género: o "suspense". E este género sofreu as habituais transformações estilísticas, estéticas através de realizadores como Polansky ou Brian de Palma, deixando Hitchcock na penumbra. Ele continuou a fazer os SEUS filmes, os filmes que podia, e aliás devia fazer e "Frenzy" e "Marnie" permanecem como obras-primas dentro da filmografia hitchcockiana.

John Carpenter teve o mesmo destino, ainda que não tivesse o mesmo estatuto de Hitchcock, penso até que nunca terá. Nunca foi considerado um autor nos Estados Unidos, só na Europa. Mas em Portugal teve e tem bastantes admiradores: o falecido João Bénard da Costa (que o trouxe inclusive a Portugal para uma retrospectiva da sua obra), Mário Jorge Torres do Público (que aclamou "Vampires" e "Ghosts of Mars" como obras-primas e descendentes directos do Cinema Clássico Americano).

Porque é que um cineasta como John Carpenter não faz filmes, longas metragens, desde 2002 (claro que pode continuar a fazer tele-filmes de uma hora até com um terço da qualidade de Cigarrette Burns)? Porque é que o público e a crítica norte americanos o abandonaram? Porque é que estão a "refazer" os seus filmes?, os tais dos tempos áureos, em que era o mestre do horror.

Mestre de Horror, "Masters os Horror": Convidaram Carpenter a participar nesta série norte-americana em 2005 e Carpenter aceitou (são poucas as oportunidades), fazendo não um filme de terror, de Horror, mas um filme carpenteriano e um grande filme, por sinal.

Foi para falar deste filme que me alonguei na descrição da carreira de Carpenter, era preciso. John Carpenter`s Cigarrette Burns é um filme violentíssimo, originalíssimo, um grito de revolta. Um filme onde os cinéfilos, os "filhos" do Cinema, os que amam a 7ª Arte acima de todas as coisas são castigados, sofrem, como sofreu Carpenter. Se o alter-ego do realizador em "L.A. é Snake Plissken, em "Cigarrette Burns" ele está em todas as personagens, e ainda mais nas que vêem as tais "cigarrette burns" do título.

É um filme de quem já não acredita no Cinema, ou de quem já não acredita que ele possa existir, e mais uma vez, não é um filme de terror, mas um filme realista, o mais realista de todos até: HAVERÁ CINEMA NUM MUNDO EM QUE JOHN CARPENTER NÃO FAÇA FILMES, "FEATURE FILMES" E EM PELÍCULA HÁ QUASE 10 ANOS?