domingo, 27 de novembro de 2011

Ana e o soldado












El Espiritu de la Colmena (1973)

Não é montagem. Não é mise en scène. Não pode ser nada assim de tão concreto.. É a revelação de que o Ray fala aí em baixo..

4 comentários:

João Palhares disse...

(...) dizer 'mise en scène' é substituir o problema por outro! Foi efectivamente o que fizemos nos "Cahiers", e eu sou um dos co-responsáveis por esta exaltação da palavra 'mise en scène', porque isso permitia dar um nome ao mistério (...)
Jacques Rivette

Luís Mendonça disse...

O Nicholas Ray? (Ou é o Satyajit...?)

Gostava que desenvolvesses essa ideia. Não é uma associação que me seja, por assim dizer, "imediata".

Quanto ao filme do Erice, não se concordas comigo que é o ponto mais alto da "magia cinemaotográfica".

João Palhares disse...

Nick Ray: "Se depois de lutar contra todos os detalhes, influências, pressões, logísticas – e tudo o mais que esteja acontecendo dentro de mim, como realizador e a toda a hora do dia -, descubro aquela linda surpresa e sei, seja instintivamente ou profissionalmente, que encontrei a verdade da cena: esse é o tipo de acidente de que estava a falar. É uma revelação. É como um momento mágico magnífico, quando vejo que a verdade está ali..."

A ideia é que a exaltação e a alegria de assistir a uma cena como esta ou até de a fazer, não se explica, fale-se em montagem, mise en scène, mesmo em 'magia' e 'verdade', acho que é qualquer coisa de insuperável e de inexplicável.. chame-se milagre, mistério, não sei.. :)

O filme do Erice é uma maravilha, vi-o ontem e ainda não estou bem em mim.

João Palhares disse...

A citação do Rivette, é de uma entrevista no livro que a Cinemateca lhe dedicou, em que ele fala da política dos autores e sobre esta se ter tornado um bocado um problema por todo o realizador se ter tornado de um instante para o outro, num autor.

Deixo mais um excerto: "E depois chegamos à Positif, que se põe a falar de Sydney Pollack e de não sei mais quem, ou tanto faz, porque quando se diz Pollack não se está longe de dizer "tanto faz"! Portanto a política dos autores é uma resposta má, e sobretudo não explica porque é que, nos "grandes" autores, como de resto nos grandes romancistas, nos grandes pintores ou nos grandes músicos, tudo é interessante, porque os seus falhanços merecem ser considerados com mais atenção do que um sucesso de um fazedor; de resto, no princípio, era isto que a política dos autores queria dizer"