"Escolhi este curta metragem, feito em um único plano, por ele me ter sido, especialmente nesses últimos meses, inspirador. Há um tempo, apesar de amar os filmes e adorar comentá-los com amigos, faltava-me um impulso que me transporia para o estágio que me faria filmar. Confesso que eu sentia medo de ligar a câmera. De estar, num apertar de botão, tão perto dos filmes e diretores que eu admiro. A certeza de não estar à altura daqueles que até hoje já me deram tanto: alegrias de descobertas, amizades e até a vontade de aprender línguas.
Mas, afinal, sem lamentações, o que me disse esse curta do Laurent Achard? De partida, eu vejo ali uma grande obsessão: a criança, o cachorro, a mãe, nada sai do retângulo do enquadramento e principalmente, naquele intervalo de tempo, a cena se redistribui para, ao seu término, voltar ao lugar de onde começou. Eu me peguei pensando nas vezes que se precisou refilmar, contando com o acaso (aquele cachorro) para que desse certo. Para fazer um plano só que lhe agradasse.
Mais: pensei na sensibilidade que é preciso para filmar aquilo sem se aborrecer. Como não se frustrar até a chegada do momento onde suas obsessões enfim ganham forma? Achard me disse que eu preciso me reservar isto: ir sem pressa, ter paciência, determinação. Alguma hora vou poder filmar algo que termine por ser uma parte minha, como este filme me pareceu, em toda a sua economia e rigor, ser dele." (Matheus Cartaxo)
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