1951 – USA (101') ● Prod. Warner (Milton Sperling) ● Real. RAOUL WALSH ● Gui. Niven Busch e Martin Rackin a p. de uma história de Niven Busch ● Fot. Sid Hickox (Technicolor) ● Mús. Max Steiner ● Int. Gary Cooper (capitão Quincy Wyatt), Mari Aldon (Judy Beckett), Richard Webb (tenente Richard Tufts), Arthur Hunnicutt (Monk), Ray Teal (Mohair), Robert Barrat (general Zachary Taylor), Clancy Cooper (sargento Shane).
Flórida, 1840. Os Estados Unidos lutam há anos em vão contra os Índios Seminoles. O tenente da marinha Richard Tufts é encarregado de pôr uma embarcação ao serviço de Quincy Wyatt, um oficial fora do comum que vive com a sua pequena equipa de quarenta homens numa ilha, no próprio terreno dos combates, tendo rompido todo o contacto com o exército regular, as suas práticas e a sua disciplina. Ele próprio veste roupas mais próximas das de um caçador que de um soldado. Muito respeitado por todos, Wyatt tem um filho de seis anos cuja mãe, uma princesa indígena, está actualmente morta. O plano de Wyatt é atacar e destruir o forte vizinho, onde os Seminoles se reabastecem de armas graças a contrabandistas. Ele acredita poder ser bem sucedido sem outro apoio a não ser as poucas dezenas de homens do seu regimento. Conseguiu a aprovação do general Zachary Scott para essa empreitada temerária. O ataque tem lugar à noite. Depois de uma breve luta com os contrabandistas, Wyatt e os seus homens descobrem o arsenal e libertam alguns prisioneiros brancos capturados pelos traficantes de armas; depois fazem o forte explodir. Agora é preciso escapar aos Seminoles. Eles chegam em massa à praia ao longo da qual atraca a embarcação de Tufts. É impossível subir a bordo. Wyatt decide atravessar os pântanos, zona fértil em perigos de todas as espécies, repleta de serpentes e crocodilos. Há duzentos quilómetros para percorrer nesse inferno. Wyatt separa os seus homens em dois grupos: uns vão partir a pé, outros correrão com ele o risco de ficar no local para construir canoas. Assim que estão feitas, seguem para o ponto de encontro, a clareira de túmulos sagrados dos Seminoles, montes de terra sob os quais os cadáveres são enterrados em pé. Durante a viagem, Wyatt familiarizou-se melhor com uma das prisioneiras, Judy Beckett, que se procura fazer passar por uma jovem da alta sociedade de Savannah. Wyatt adivinha imediatamente que vem de uma das regiões mais pobres da Geórgia, como ele. Ela é assombrada pelo desejo de encontrar o assassino do seu pai, um aristocrata da cidade. Na clareira, só está presente um sobrevivente do primeiro grupo no ponto de encontro. Os outros foram massacrados ou capturados. Wyatt apanha um Seminole apontando-lhe a boca aberta de uma serpente. O índio indica o local onde os prisioneiros estão escondidos. Mas quando os soldados lá chegam, depois de andarem muito tempo pelos pântanos, com a água a subir-lhes até ao peito, é tarde demais. Os prisioneiros foram oferecidos como alimento aos crocodilos. Wyatt e os seus homens voltam para a ilha deles, devastada pelos índios. Wyatt ordena a cada soldado que cave um buraco individual para se defender contra o inimigo. Diz a Judy que a mulher dele foi morta, não por índios, mas por soldados jovens bêbados; renunciou à vingança há muito tempo. Desafia o chefe dos Seminoles em combate singular – duelo com facas no rio – para evitar mortes inúteis. De facto, com o chefe morto, os índios fogem imediatamente. Chegam o general Zachary Scott e as suas tropas; o jovem filho de Wyatt, que este não esperava voltar a ver, está com eles. Os soldados encontraram-no escondido na selva. Eles partem na pista dos Seminoles, enquanto Judy, modificando os seus planos, vai ficar na ilha em companhia de Wyatt e do seu filho.
► Encontro de um grande cineasta com um grande actor, Distant Drums representa a quintessência do filme de aventuras americano. As peripécias e a trama (retomadas de Objectivo Burma) contam pouco e servem sobretudo para envolver como a pele envolve um organismo vivo o propósito do cineasta, que é de ordem plástica e moral ao mesmo tempo e de um classicismo tal tanto num domínio como no outro que desencoraja os comentários. O filme combina as belezas da épura (do esquiço da arquitectura), da pintura e de qualquer coisa que é um movimento constante da imagem e a que se deve chamar de cinema. O cinema, aqui, não só desloca as linhas, como as dirige a todas no sentido de uma meditação moral, simples e evidente, transmitida por um realizador que filma como respira. Se Distant Drums sacrifica o culto do herói – Wyatt é apresentado assim: «soldado, homem dos pantanais, grande senhor, incansável» – o herói que dá a ver não tem nada de sobre-humano. Wyatt está ali para encarnar o melhor e o mais natural do homem, a caminho da serenidade. Nos diálogos, é evocada por duas vezes uma história de vingança (o passado de Mari Aldon e o passado de Cooper) e nos dois casos tratar-se-á de uma vingança ultrapassada e abandonada, no final. No que lhe diz respeito, Wyatt sente-se tão afastado do exército regular a que pertence como dos índios contra os quais combate. Este individualista só está de acordo com ele próprio e com a paisagem. Este herói walshiano perfeito é portanto um solitário, mas sem melancolia nem amargura. Rectidão, equilíbrio, domínio do perigo, estas noções ao mesmo tempo físicas e morais que caracterizam a sua acção, pedem uma narração clara, em linha recta e sem manchas que encha o olho com uma transcrição plástica viva e fascinante. Ela existe aqui em pleno, neste filme consumado e lacónico.
Flórida, 1840. Os Estados Unidos lutam há anos em vão contra os Índios Seminoles. O tenente da marinha Richard Tufts é encarregado de pôr uma embarcação ao serviço de Quincy Wyatt, um oficial fora do comum que vive com a sua pequena equipa de quarenta homens numa ilha, no próprio terreno dos combates, tendo rompido todo o contacto com o exército regular, as suas práticas e a sua disciplina. Ele próprio veste roupas mais próximas das de um caçador que de um soldado. Muito respeitado por todos, Wyatt tem um filho de seis anos cuja mãe, uma princesa indígena, está actualmente morta. O plano de Wyatt é atacar e destruir o forte vizinho, onde os Seminoles se reabastecem de armas graças a contrabandistas. Ele acredita poder ser bem sucedido sem outro apoio a não ser as poucas dezenas de homens do seu regimento. Conseguiu a aprovação do general Zachary Scott para essa empreitada temerária. O ataque tem lugar à noite. Depois de uma breve luta com os contrabandistas, Wyatt e os seus homens descobrem o arsenal e libertam alguns prisioneiros brancos capturados pelos traficantes de armas; depois fazem o forte explodir. Agora é preciso escapar aos Seminoles. Eles chegam em massa à praia ao longo da qual atraca a embarcação de Tufts. É impossível subir a bordo. Wyatt decide atravessar os pântanos, zona fértil em perigos de todas as espécies, repleta de serpentes e crocodilos. Há duzentos quilómetros para percorrer nesse inferno. Wyatt separa os seus homens em dois grupos: uns vão partir a pé, outros correrão com ele o risco de ficar no local para construir canoas. Assim que estão feitas, seguem para o ponto de encontro, a clareira de túmulos sagrados dos Seminoles, montes de terra sob os quais os cadáveres são enterrados em pé. Durante a viagem, Wyatt familiarizou-se melhor com uma das prisioneiras, Judy Beckett, que se procura fazer passar por uma jovem da alta sociedade de Savannah. Wyatt adivinha imediatamente que vem de uma das regiões mais pobres da Geórgia, como ele. Ela é assombrada pelo desejo de encontrar o assassino do seu pai, um aristocrata da cidade. Na clareira, só está presente um sobrevivente do primeiro grupo no ponto de encontro. Os outros foram massacrados ou capturados. Wyatt apanha um Seminole apontando-lhe a boca aberta de uma serpente. O índio indica o local onde os prisioneiros estão escondidos. Mas quando os soldados lá chegam, depois de andarem muito tempo pelos pântanos, com a água a subir-lhes até ao peito, é tarde demais. Os prisioneiros foram oferecidos como alimento aos crocodilos. Wyatt e os seus homens voltam para a ilha deles, devastada pelos índios. Wyatt ordena a cada soldado que cave um buraco individual para se defender contra o inimigo. Diz a Judy que a mulher dele foi morta, não por índios, mas por soldados jovens bêbados; renunciou à vingança há muito tempo. Desafia o chefe dos Seminoles em combate singular – duelo com facas no rio – para evitar mortes inúteis. De facto, com o chefe morto, os índios fogem imediatamente. Chegam o general Zachary Scott e as suas tropas; o jovem filho de Wyatt, que este não esperava voltar a ver, está com eles. Os soldados encontraram-no escondido na selva. Eles partem na pista dos Seminoles, enquanto Judy, modificando os seus planos, vai ficar na ilha em companhia de Wyatt e do seu filho.
► Encontro de um grande cineasta com um grande actor, Distant Drums representa a quintessência do filme de aventuras americano. As peripécias e a trama (retomadas de Objectivo Burma) contam pouco e servem sobretudo para envolver como a pele envolve um organismo vivo o propósito do cineasta, que é de ordem plástica e moral ao mesmo tempo e de um classicismo tal tanto num domínio como no outro que desencoraja os comentários. O filme combina as belezas da épura (do esquiço da arquitectura), da pintura e de qualquer coisa que é um movimento constante da imagem e a que se deve chamar de cinema. O cinema, aqui, não só desloca as linhas, como as dirige a todas no sentido de uma meditação moral, simples e evidente, transmitida por um realizador que filma como respira. Se Distant Drums sacrifica o culto do herói – Wyatt é apresentado assim: «soldado, homem dos pantanais, grande senhor, incansável» – o herói que dá a ver não tem nada de sobre-humano. Wyatt está ali para encarnar o melhor e o mais natural do homem, a caminho da serenidade. Nos diálogos, é evocada por duas vezes uma história de vingança (o passado de Mari Aldon e o passado de Cooper) e nos dois casos tratar-se-á de uma vingança ultrapassada e abandonada, no final. No que lhe diz respeito, Wyatt sente-se tão afastado do exército regular a que pertence como dos índios contra os quais combate. Este individualista só está de acordo com ele próprio e com a paisagem. Este herói walshiano perfeito é portanto um solitário, mas sem melancolia nem amargura. Rectidão, equilíbrio, domínio do perigo, estas noções ao mesmo tempo físicas e morais que caracterizam a sua acção, pedem uma narração clara, em linha recta e sem manchas que encha o olho com uma transcrição plástica viva e fascinante. Ela existe aqui em pleno, neste filme consumado e lacónico.
Jacques Lourcelles, in «Dictionnaire du Cinéma - Les Films», Robert Laffont, Paris, 1992.
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