O plano final de Broken Flowers é um travelling em redor do corpo inerte de Bill Murray, porque foi assim que se convencionou descrever tal movimento de câmara. Mas pensar que assim é, é pensar que este se assemelha a qualquer outro travelling em redor seja de quem for, quando isso não é verdade.
Toda a sequência final do filme é preparada para este plano, com o intuito último de tecer um juízo à conduta de Don Johnston. É perfeitamente justo que quem tantas voltas deu na cama, acabe o filme "aos círculos", numa busca infindável. Mas, atenção, que não há paternalismos (a denominação adequa-se perfeitamente, eheh) baratos nisto; a câmara (Jarmusch), por quase duas horas acompanhou, à distância, a viagem de auto-descoberta do personagem sem formar opiniões, é só no fim que o faz.
É o juíz e o carrasco.
2 comentários:
Exactamente João. E isso é "quase" sistemático no cinema de Jarmusch.
Estou a gostar muito de descobrir o Cinema do Jarmusch. Ainda faltam uns quantos..
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