Minha querida Gloria,
A minha viagem para o festival valeu a pena, só para te ver outra vez. A piada que fiz ao almoço sobre teres encontrado a fonte da juventude é bem verdade.
Os teus lábios, os teus olhos e o teu cabelo estiveram comigo durante estes longos anos. Pela parte que me toca, consigo ver a minha Gloria adorável. Vou-me sempre lembrar dela enquanto um novo fenómeno como uma noite qualquer de Abril, o seio macio da Primavera. Ela era como um riacho ondulante, a cantar entre os salgueiros para onde se esgueiram os guarda-rios.
Mas agora, o sol vai repousar. Consigo ouvir os patos selvagens a voar lá em cima, e as montanhas retiravam-se para dormir, e ao cair da noite havia o cantar dos grilos. Algures, está um mexicano a tocar guitarra, e noutro sítio um cão ladrou pela quietude da noite fora. Um som estranho e misterioso...
Adeus, minha querida.
in «Raoul Walsh - The True Adventures of Hollywood's Legendary Director», The University Press of Kentucky, 2011, pág. 106.
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