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São cinco lições sociais, cinco carrosséis populares que retratam a vulgaridade, sim, mas que não são, de todo, vulgares na sua representação. A puritana não é mais que a puta, os filhos de Marx casam com as filhas da Coca-Cola (no fim de contas, é tudo vermelho), as jovens casam com sexagenários e o mundo gira. São as nossas diferenças que nos fazem iguais e os nossos defeitos que nos aproximam. É a hipocrisia que nos une e a mentira, o nosso alimento ("kiss me, stupid" e tudo se resolve, parafraseando Zelda Spooner, a puritana que é tão devassa como as devassas). Estas "comédias" de Wilder têm, também, planos desoladores (penso, por exemplo no genérico de abertura de "Kiss Me, Stupid" que aqui pus - nos risos horríveis dos empregados - e no último plano de "The Apartment", por exemplo, mas há mais, muito mais: a cena de tortura de "One, Two, three", o final de "Love in the Afternoon"...) e é na forma, não no conteúdo, que está a arte de Wilder, porque há sombras e contra picados, há olhares e toda uma mise en scène que não estão lá por acaso, não podem estar... Wilder foi um artista que fez da "representação da vulgaridade" a sua arte e, como se sabe, a vulgaridade tem outros nomes: Humanidade, decência... Paris, Berlim, Nova Iorque e Climax, Nevada, é tudo igual: "nobody`s perfect"... Quod erat demonstrandum...
*este post serviu, quanto mais não seja, para descobrir que o "The Apartment" e o "One, Two, Three", no Brasil, se chamam "Se meu apartamento falasse" e "Cupido não tem bandeira" (e este é um verdadeiro achado, eheh)
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