Tem só a ver com a crença muito antiga e errada de que os artesãos de géneros são menos realizadores e menos cineastas que os "grandes", seja lá o que isso for; não acredito que o pior Fulci seja melhor que o melhor Bergman, claro, mas prefiro ficar do lado dos oprimidos. :) O Fulci tinha um talento incrível, mas que se recusa a conhecer precisamente porque se tende muito a achar que um filme de terror (ou, para o caso, um western, um filme de acção, um musical, etc) não pode ser arte. O Zombi 2 é coisa de bradar aos céus!
Do que vi, aconselho este, o "l'aldilà" e o City of the Living Dead. O New York Ripper tem o seu interesse..
Ao melhor Bergman eu não seria capaz de dizer, pois amo o sueco (inclusive arrisco dizer que Fulci devia ter um interesse especial pelo período que vai de Persona a Vergonha), mas ao melhor Malick - sem pensar duas vezes!!!
Esses filmes do final dos anos 70-início dos 80 representam uma espécie de última trincheira da poética do filme B - a ponto de em The Beyond essa poética surgir da própria redução de sua matéria escassa à sua extinção, um fiapo de narrativa ilógica que se consome a si mesma até terminar por se suprimir.
"Criei minha obra somente por eliminação, e toda verdade adquirida nascia somente da perda de uma impressão que, tendo cintilado, tinha-se consumado e me permitia, graças às suas trevas dissolvidas, avançar mais profundamente na sensação das Trevas Absolutas. A Destruição foi minha Beatriz."
House by the Cemetery e Il gatto nero são belíssimos; New York Ripper é um filme que ganha muito sendo revisto; Manhattan Baby é formulaico e ordinário, apesar de um belo primeiro ato filmado no Egito, repleto de enigmas lá onde se escondem e se revelam o deserto e as pirâmides.
Adoro o Persona (foi o único que vi desse período mas quero muito ver o Vargtimmen) e o Lágrimas e Suspiros e a verdade é que já não vejo um filme dele há algum tempo. Mas, sei lá, lembrei-me dumas listas de 'personalidades' portuguesas que se faziam semanalmente (e ainda se devem fazer) numa revista portuguesa, em que escolhiam sempre 2 ou 3 dele e do Tarkovski para apregoarem à ralé que têm bom gosto.
Não conhecia essa citação Do Fulci, mas, sim, é terror crepuscular, com a consciência do seu próprio fim. É engraçado, que o Bava também me parece que trabalha nesses moldes no Bay of Blood, por exemplo. Tenho visto filmes deles dois e do Argento e apesar dos filmes deles serem completamente diferentes, há uma obsessão com as formas e de as trabalhar até às últimas consequências, são capazes de estender uma situação durante minutos (a primeira vez que o David Hemmings vai à casa no Profondo Rosso, a cena do hospital no L'Aldilà e os três episódios do Black Sabbath vêm-me à cabeça).
De resto, entrei no mundo do Fulci, porque falas muito dele no Signo do Dragão e por isso te agradeço. O comentário, também. Vou ver o House by the Cemetary, o Il gato Nero e rever o New York Ripper, então.
5 comentários:
Nunca vi nada do Fulci mas duvido que seja assim :p
Tem só a ver com a crença muito antiga e errada de que os artesãos de géneros são menos realizadores e menos cineastas que os "grandes", seja lá o que isso for; não acredito que o pior Fulci seja melhor que o melhor Bergman, claro, mas prefiro ficar do lado dos oprimidos. :) O Fulci tinha um talento incrível, mas que se recusa a conhecer precisamente porque se tende muito a achar que um filme de terror (ou, para o caso, um western, um filme de acção, um musical, etc) não pode ser arte. O Zombi 2 é coisa de bradar aos céus!
Do que vi, aconselho este, o "l'aldilà" e o City of the Living Dead. O New York Ripper tem o seu interesse..
hehe
http://setimoprojetor.blogspot.com/search/label/fulci
Ao melhor Bergman eu não seria capaz de dizer, pois amo o sueco (inclusive arrisco dizer que Fulci devia ter um interesse especial pelo período que vai de Persona a Vergonha), mas ao melhor Malick - sem pensar duas vezes!!!
Esses filmes do final dos anos 70-início dos 80 representam uma espécie de última trincheira da poética do filme B - a ponto de em The Beyond essa poética surgir da própria redução de sua matéria escassa à sua extinção, um fiapo de narrativa ilógica que se consome a si mesma até terminar por se suprimir.
"Criei minha obra somente por eliminação, e toda verdade adquirida nascia somente da perda de uma impressão que, tendo cintilado, tinha-se consumado e me permitia, graças às suas trevas dissolvidas, avançar mais profundamente na sensação das Trevas Absolutas. A Destruição foi minha Beatriz."
House by the Cemetery e Il gatto nero são belíssimos; New York Ripper é um filme que ganha muito sendo revisto; Manhattan Baby é formulaico e ordinário, apesar de um belo primeiro ato filmado no Egito, repleto de enigmas lá onde se escondem e se revelam o deserto e as pirâmides.
Adoro o Persona (foi o único que vi desse período mas quero muito ver o Vargtimmen) e o Lágrimas e Suspiros e a verdade é que já não vejo um filme dele há algum tempo. Mas, sei lá, lembrei-me dumas listas de 'personalidades' portuguesas que se faziam semanalmente (e ainda se devem fazer) numa revista portuguesa, em que escolhiam sempre 2 ou 3 dele e do Tarkovski para apregoarem à ralé que têm bom gosto.
Não conhecia essa citação Do Fulci, mas, sim, é terror crepuscular, com a consciência do seu próprio fim. É engraçado, que o Bava também me parece que trabalha nesses moldes no Bay of Blood, por exemplo. Tenho visto filmes deles dois e do Argento e apesar dos filmes deles serem completamente diferentes, há uma obsessão com as formas e de as trabalhar até às últimas consequências, são capazes de estender uma situação durante minutos (a primeira vez que o David Hemmings vai à casa no Profondo Rosso, a cena do hospital no L'Aldilà e os três episódios do Black Sabbath vêm-me à cabeça).
De resto, entrei no mundo do Fulci, porque falas muito dele no Signo do Dragão e por isso te agradeço. O comentário, também. Vou ver o House by the Cemetary, o Il gato Nero e rever o New York Ripper, então.
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