"Kiss Me, Stupid" é a prova plena que Wilder é tão mais que "Double Indemnity" e "Some Like it Hot" (por muito interessantes que sejam esses filmes, são os mais simples e os que menos segredos resguardam), que a sua obra é tão mais que comédias e dramas e que dividi-la assim é não compreender o cineasta, o artista (ele próprio condenava a catalogação). "Kiss Me, Stupid" é obra de um cínico, é a abolição do cliché e do preconceito (já "Some Like it Hot" o era), é crítica a falsos moralismos e hipocrisias disfarçada de comédia romântica (quão horríveis e maravilhosas são, ao mesmo tempo, aquelas pessoas). Digo, neste momento, que não houve sátiras tão sofisticadas e tão inteligentes (tão ferozes, também) ao "american way of life", diria até ao "worldly way of life", do que as que Wilder produziu nos anos sessenta. "Kiss me, stupid", sim... ele é que a sabia toda...
O mais revolucionário, o mais humano
Há 22 horas
3 comentários:
É fenomenal, sim. Ok, comédia... mas negríssima. O Wilder era um cínico de primeira e muito do que lá (no filme) está parece-me terrivelmente deprimente...
Era genial, sem dúvida...
Tenho andado a ler as "Folhas da Cinemateca" dedicadas ao Billy Wilder e vénia ao Bénard, acerta sempre na mouche... :)
O meu Wilder preferido é o "Ace in the Hole", coisa tão desencantada e brutal. Depois o capitalismo / comunismo do "One, Two, Three" e a fábula perversa do "Love in the Afternoon" que, li, é o Wilder preferido de Bénard da Costa...
Na 100ª Página em Braga. Tenho lá as do Mizoguchi à minha espera.. :)
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