sábado, 25 de julho de 2009

"El Angel Exterminador" - 1962



Primeiro pensei que se tratasse de um estudo sobre o fim da privacidade, como "A Streetcar Named Desire" de Elia Kazan e "Rear Window" de Alfred Hitchcock, havia vários pontos em comum: a acção confinada a um espaço: o bairro no filme de Kazan, as traseiras do apartamento em "Rear Window" e a mansão nesta obra-prima de Luis Buñuel. O desespero, os suores...
Também pode passar por isso, mas o principal a reter de "El Angel Exterminador" (quanto a mim) é o repúdio à religião, seja ela qual for...
O Señor Edmundo e a mulher Lúcia, convidam uns amigos a jantar em sua casa... As horas passam e eles por lá ficam. Passam a noite, e vários dias ficam... Não é por não conseguirem sair, mas sim por não conseguirem tentar sequer. Por isto, acabam por passar fome, sede, rebaixando-se a meros animais, a bestas. Não há poder de iniciativa, o grupo tem que permanecer junto como as ovelhas (que são aliás um motivo recorrente durante o filme), como um rebanho dependente de um líder...
Religião, privacidade, crítica à sociedade abastada, à riqueza. É um filme tão completo e tão complexo que é impossível avaliar ou descobrir qual a exacta extensão do seu discurso, do seu significado...
Genial.

2 comentários:

Jorge Teixeira disse...

Tudo verdade, por acaso também senti isso quando o vi. É um filme tão grande, quanto a grandeza do sub-texto que contém. Há tanto nas entre-linhas, tanta incerteza, tanto conflito interior e tanta mesquinhez. Buñuel é por estas e por outras (Le Charme Discret de la Bourgeoisie) que é genial, genial. A propósito já viste este filme que cito acima? Convido-te a ler isto (http://caminholargo.blogspot.pt/2012/09/le-charme-discret-de-la-bourgeoisie-1972.html) e a comentar.

Cumprimentos,
Jorge Teixeira
Caminho Largo

João Palhares disse...

Ainda não vi, não, Jorge.
Mas hei-de ver que preciso de por os Buñuel's em dia.
Abraço