terça-feira, 21 de julho de 2009

Uma Viagem Pelo Musical - 4



Falei dos primeiros Musicais dos anos 30 e dos dois grandes artesãos (um maior que o outro - Minnelli). Houve mais realizadores que se dedicaram quase exclusivamente ao Musical nos anos 40 e 50 como Charles Walters: "High Society"- remake de "Philadelphia Story" de George Cukor - é o único filme que vi dele e é simplesmente execrável, no entanto filmes como "Lili" e "Easter Parade" são muito bem considerados; Walter Lang: "On the Riviera" vale por Danny Kaye - cómico esquecido - e "The King And I" e "There`s no Business Like Show Business" foram enormes sucessos nos anos 50; Charles Vidor: "Cover Girl" com Gene Kelly e Rita Hayworth é um bom filme; Roy Rowland: não vi nenhum deste último mas "The 5000 Fingers of Doctor T", é tido como um grande filme.

"Lili" - 1953


"Easter Parade" - 1948


"Cover Girl" - 1944


"The 5000 Fingers of Dr.T." - 1953

No final dos anos 50 temos também os Musicais de Elvis Presley, e no início dos 60 os dos Beatles ("A Hard Day`s Night" é muito influente em termos musicais).
Depois temos os realizadores que fizeram poucos Musicais mas que de uma maneira ou de outra deixaram a sua marca: Leo Mccarey, autor de várias obras-primas ("Duck Soup" com os Irmãos Marx, "Love Affair" com Charles Boyer e Irenne Dunne e o seu remake "An Affair to Remember" com Cary Grant e Deborah Kerr) fez "Going My Way" com Bing Crosby; Michael Curtiz ("Casablanca", "Angels With Dirty Faces") fez dez Musicais, mas que não têm grande peso na sua filmografia (245 filmes) - o mais famoso é "Yankee Doodle Dandy" com James Cagney; John Huston e o seu "Moulin Rouge"; Billy Wilder fez "The Emperor Waltz" e apesar de não ser um Musical "Some Like it Hot" tem várias canções; Anthony Mann, grande artesão do "western" ("Bend of The River" e "The Naked Spur" são obras primas do género) fez "The Glenn Miller Story" (que é razoável - é um biopic sobre Glenn Miller) e "Serenade";
E finalmente, os três Grandes (e por isto entenda-se: os realizadores exteriores ao Musical que mais fizeram pelo Musical):


George Cukor com "A Star is Born"


Joseph L. Mankiewicz com "Guys and Dolls"


Howard Hawks com "Gentleman Prefer Blondes"

Com "A Star is Born", Cukor (autor do imenso "Sylvia Scarlett") cria aquele que será porventura o "épico" dos filmes musicais, se é que o termo se aplica. O espectáculo tem que continuar, os bastidores do espectáculo não são tão alegres e divertidos como o espectáculo em si. Duas estrelas: uma em ascensão, e outra em declínio, mas que são ambas a "Star" a que o título se refere. Judy Garland no seu melhor papel e James Mason num dos seus melhores papéis (as interpretações dele em "Lolita" de Stanley Kubrick e "Bigger Than Life" de Nicholas Ray são da mesma envergadura).

Esther sings 'Someone at Last'
James Mason e Judy Garland

Com "Guys and Dolls" (Eles e Elas), interpretado por Marlon Brando Jean Simmons e Frank Sinatra, Joseph Mankiewicz (realizador e argumentista do brilhantemente escrito "All About Eve") oferece um diferente tipo de Musical:
There are two distinct aesthetics for movie musicals, regardless of whether they happen to be Hollywood or Bollywood, from the 1930s or the 1950s, in black and white or in color. According to one aesthetic– exemplified by Al Jolson (as in The Jazz Singer) or the team of Fred Astaire and Ginger Rogers (as in The Gay Divorcee or Top Hat–a musical is a showcase for talented singers and/or dancers showing what they can do with a particular song or a number. According to the second aesthetic, exemplified by Guys and Dolls—-the two leads of which, Marlon Brando and Jean Simmons, aren’t professional singers or dancers–the musical is a form for showing the world in a particular kind of harmony and grace and for depicting what might be called metaphysical states of being. The leads are still expected to sing in tune, of course, but notions of expertise and virtuosity in relation to their musical performances are no longer the same.
São de Jonathan Rosenbaum estas palavras. "Guys and Dolls" é um Musical cujos actores principais não são cantores nem dançarinos profissionais, e é necessário que se note porque tal facto produz uma certa transcendência que passa pelo esforço que os seus personagens têm que perpetuar para atingir os seus objectivos. O esforço dos actores e o dos seus personagens cruza-se portanto, ainda que derivado de razões diferentes. Rosenbaum apelidou-o também de "Musical do Método" ("método" remete para a escola de Lee Strasberg que formou actores como Robert DeNiro, Al Pacino e o próprio Brando). Os planos fixos e a escolha controversa de actores (Brando e Simmons num Musical) causam estranheza mas a ideia é mesmo essa.


Johnny Silver, Frank Sinatra e Stubby Kaye

Mas mais que Cukor e Mankiewicz, por ser também melhor realizador, Howard Hawks marcou profundamente o Musical. O Musical de Cukor é um corajoso épico Musical, o de Mankiewicz é uma subversão. O de Hawks é isso e mais ainda. Temos o primeiro grande papel de Marylin Monroe e não só, é o papel que modela toda a sua persona cinematográfica (Billy Wilder agradeceu ou devia ter agradecido a Hawks). Uma crítica ao materialismo disfarçada de Entretenimento, um filme onde tudo é sexual e tudo para lá vai mas que é só "disfarçadamente" malicioso porque as suas intérpretes e as suas respectivas personagens são "disfarçadamente" adoráveis e porque Hawks sabe, como sempre soube ("Bringing Up Baby") fazer passar o escandaloso por inocência e o malicioso por bondade ou boas intenções.
"Gentleman Prefer Blondes" é como disse João Bénard da Costa (com a ajuda de Hawks) "um conto de fadas" com variações sobre a atracção sexual. É um filme de uma completa irrealidade com uma actriz que nunca foi verdadeiramente real".
Um dos melhores filmes de sempre? Com certeza que sim.

Jane Russel e Marylin Monroe

The French are glad to die for love.
They delight in fighting duels.
But I prefer a man who lives
And gives expensive jewels.

A kiss on the hand
May be quite continental,
But diamonds are a girl's best friend.

A kiss may be grand
But it won't pay the rental
On your humble flat
Or help you at the automat.

Men grow cold
As girls grow old,
And we all lose our charms in the end.

But square-cut or pear-shaped,
These rocks don't loose their shape.
Diamonds are a girl's best friend.

Tiffany's!
Cartier!
Black Starr!
Frost Gorham!
Talk to me Harry Winston.
Tell me all about it!

There may come a time
When a lass needs a lawyer,
But diamonds are a girl's best friend.

There may come a time
When a hard-boiled employer
Thinks you're awful nice,
But get that ice or else no dice.

He's your guy
When stocks are high,
But beware when they start to descend.

It's then that those louses
Go back to their spouses.
Diamonds are a girl's best friend.

I've heard of affairs
That are strictly platonic,
But diamonds are a girl's best friend.

And I think affairs
That you must keep liaisonic
Are better bets
If little pets get big baguettes.

Time rolls on,
And youth is gone,
And you can't straighten up when you bend.

But stiff back
Or stiff knees,
You stand straight at Tiffany's.

Diamonds! Diamonds!
I don't mean rhinestones!
But diamonds are a girl's best friend.

Fim da 4ª Parte

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