"Ohayo" (Bom dia) é uma espécie de remake de "Eu Nasci, Mas...", e é outra obra-prima. Retrato social de uma pequena comunidade e da reacção desta (particularmente das duas crianças e dos pais destas) à modernidade - o velho contra o novo e o mais humano dos filmes, "o mais belo dos filmes"...
A greve de silêncio, o conflito entre gerações (três) e dos seus valores e ideais - e todas estas coisas aconteceram por uma coisa: as dúvidas e discussões à volta do acto do cumprimento e da saudação, as crianças falam demais mas os adultos, também, e às vezes de forma absurda.
Longe do descontentamento do original (em que os jovens se tinham que contentar com uma vida sem brilho e, portanto, sem projectos e esperanças), "Bom Dia" é de um optimismo inigualável e (outra vez) de uma simplicidade inalcançável.
No fim quem tem razão? - os adultos e a sequência da estação prova-o (ah aquele campo / contra-campo), mas quem ganha? - as crianças e aquela cena de reconciliação e de um estado de suprema felicidade, prova-o...
Não vivemos num mundo da mais absoluta inocência nem num da mais absoluta maturidade, mas algures no meio...
Numa nota pessoal: é em "Ohayo" que Tati, Hawks e Ozu se encontram?
2 comentários:
É um belo filme, este. Não achei que fosse assim tão optimista quanto isso, mas talvez seja eu o pessimista.
Belo blogue.
Não me pareceu tão pessimista como o original nem como o "Gosto do Saké", por exemplo - os últimos planos desse filme são de uma tristeza desmedida.
Mas reconheço, claro, que há muita ironia no filme. E a ocidentalização do Oriente não é coisa que inspire muito optimismo.
E muito obrigado, vai aparecendo. :)
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