Showgirls (1995)
Se reverem o filme, verão que até as cenas que não contém sexo são pornográficas.
Ninguém sabe muito bem o que é 'pornografia' ou 'pornográfico', parece que se pode usar para muita coisa e em muitos contextos*. O Orson Welles dizia que havia duas coisas que não se podiam trazer para o cinema, a representação realista do acto sexual e orações a Deus. Mas adiante, parece que um dos significados instituídos de "pornografia" é "obras obscenas e sem qualquer mérito artístico", o que torna a coisa um bocado ambígua, se bem que seja melhor que "qualquer manifestação artística ou mediática que provoque pensamentos sexuais", que isso era o descalabro..
O 'porreirismo' mediático ou cinematográfico é uma forma de pornografia que precisa de denunciantes. Tudo o que de repente se torna numa fórmula, precisa de subversão, fale-se por exemplo do esgotamento formal de grande parte dos musicais nos anos 40 ou, neste caso, do 'porreirismo' (outra vez, a palavra) imagético dos anos 90. Para cada um desses males houve antídotos: The Gang's All Here foi um, entre muitos, para o primeiro mal, e Showgirls foi outro, entre muitos menos, para o segundo.
Como é óbvio, é preciso chafurdar a fundo na mediocridade, na obscenidade e na merda para se chegar ao ponto ou tomada de posição ou de consciência, enfim, a que se quer chegar nestes casos, e por isso é que o meio e o ambiente do filme do Verhoeven são 'mundanos' e 'corriqueiros'. Não funcionava doutra maneira.. É um filme sobre a natureza "animal" mais primitiva do ser humano (lembro a cena em que aparecem os macacos nos camarins) e que materializa o pensamento mais primitivo e básico que está por trás de tanta publicidade, programa de televisão e filme. Vivemos numa altura em que o formato reality show vingou, quer dizer, não é propriamente um mundo bonito, o que temos à frente.. precisa-se de mais filmes assim, que chamem as coisas pelos nomes.. de brisas de ar fresco, de vez em quando..
Ninguém sabe muito bem o que é 'pornografia' ou 'pornográfico', parece que se pode usar para muita coisa e em muitos contextos*. O Orson Welles dizia que havia duas coisas que não se podiam trazer para o cinema, a representação realista do acto sexual e orações a Deus. Mas adiante, parece que um dos significados instituídos de "pornografia" é "obras obscenas e sem qualquer mérito artístico", o que torna a coisa um bocado ambígua, se bem que seja melhor que "qualquer manifestação artística ou mediática que provoque pensamentos sexuais", que isso era o descalabro..
O 'porreirismo' mediático ou cinematográfico é uma forma de pornografia que precisa de denunciantes. Tudo o que de repente se torna numa fórmula, precisa de subversão, fale-se por exemplo do esgotamento formal de grande parte dos musicais nos anos 40 ou, neste caso, do 'porreirismo' (outra vez, a palavra) imagético dos anos 90. Para cada um desses males houve antídotos: The Gang's All Here foi um, entre muitos, para o primeiro mal, e Showgirls foi outro, entre muitos menos, para o segundo.
Como é óbvio, é preciso chafurdar a fundo na mediocridade, na obscenidade e na merda para se chegar ao ponto ou tomada de posição ou de consciência, enfim, a que se quer chegar nestes casos, e por isso é que o meio e o ambiente do filme do Verhoeven são 'mundanos' e 'corriqueiros'. Não funcionava doutra maneira.. É um filme sobre a natureza "animal" mais primitiva do ser humano (lembro a cena em que aparecem os macacos nos camarins) e que materializa o pensamento mais primitivo e básico que está por trás de tanta publicidade, programa de televisão e filme. Vivemos numa altura em que o formato reality show vingou, quer dizer, não é propriamente um mundo bonito, o que temos à frente.. precisa-se de mais filmes assim, que chamem as coisas pelos nomes.. de brisas de ar fresco, de vez em quando..
*Eu acho que pornografia é qualquer representação (artística ou não) que tem como único propósito provocar derrames de líquidos variados nas pessoas, seja o porno mais bruto com a Tori Black, seja a Júlia Pinheiro a baixar os óculos com tom "sério" e "compreensivo" quando vai expremer a vida privada das pessoas, em directo, e as lágrimas das pessoas, em casa.. ou a Fátima Campos Correia a perguntar ao Manoel de Oliveira se "é feliz", com um sorriso condescendente na cara - e isto foi anteontem, na RTP1
2 comentários:
Mais um texto fora de série. Parabéns ! Tenho de ver este
Showgirls definitivamente.
Cumps
É grande filme!
Enviar um comentário