Adam Smith: "Ever since you ate the apple you`ve had the gimmies. First it was twin beds, and now it´s clothes"
É o segundo filme de Howard Hawks (o 1º, "The Road to Glory", considera-se perdido) e é uma comédia "screwball", diria que a primeira, ao contrário do que se possa escrever em livros e enciclopédias (também sou dos que acha o "Macbeth" do Orson Welles um "film noir"). Aliás, a comédia "screwball" vai deste filme ao "Va Savoir" do Rivette e ao "Où gît votre sourire enfoui?" do Pedro Costa, isto se eles não decidirem fazer mais alguma....
Só arrisco dizer que tem os melhores intertítulos da História do Cinema, porque os mais divertidos tem, com toda a certeza. De resto, o Adam Smith de George O`Brien parece, já, uma espécie de Cary Grant e a Eve Smith tem já uns traços (muito leves, atenção) de mulher "hawksiana", temos dinossauros, cobras e as espirituosíssimas metáforas e trocadilhos sexuais (o do candeeiro ali em cima é só um exemplo) e, finalmente, temos o companheirismo "hawksiano", o tal amor entre homens que ele tanto representou mas que, aqui, é ainda mais leve que os "traços" da mulher "hawksiana"... e permitam-se só a menção ao, também, corajoso salto temporal. E, sim, estou a compará-los, necessariamente...
Que todas estas coisas se passem, parcialmente, no Jardim do Éden (com pelicanos e brontossauros à mistura, é verdade, com uma vida quotidiana a fazer lembrar a dos "Flinstones") e que as personagens se chamem "Adam" e "Eve", precisamente, parece-me especialmente simbólico: aqui está Hawks a marcar um princípio na sua carreira, já com algumas das suas imagens de marca, numa altura em que não se sabia, sequer, o que era um autor...
Crítica ao filme no "The New Yorker"
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