Lars von Trier nasceu a 30 de Abril de 1956, em Copenhaga. Fosse esse o pior dos seus pecados, mas não, resolveu tornar-se realizador (Ah, o horror, o horror...), resolveu transbordar os ecrãs e os festivais com as saladas saloias disfarçadas de arte que são os seus filmes. Ele nasceu, aliás, para provar que nem tudo o que é recebido e aplaudido em festivais é Cinema e que nem todo o realizador é autor - ele não é só a meta, é a partida e o caminho da decadência artística, é símbolo máximo da podridão cinematográfica e da pobreza mental. Se Trier é Cinema, eu não gosto de Cinema, se Trier é Arte, eu vou ali e já venho.
E tudo começou com a trilogia da Europa, depois veio a "Golden Heart" e a "USA", tudo catalogadinho e explicadinho pelo Trier em pessoa. Estas trilogias temáticas aproximam-no, aliás, de um Rossellini, não tenho dúvidas. Anticristo seria o primeiro filme da "trilogia do olho do cú" - perdão, perdão, do olho do ânus - profundíssima e extenuante viagem ao centro (ao cerne, diria até) de todo o ser humano, a viagem é árdua, sim, mas o deleite e o prazer são sem fim. Começar um filme com uma PIÇA a ir e a dar, em SLOW MOTION e ao som de, não, não, Handel (HANDEL, a audácia, a audácia!!) e acabá-lo no cimo do monte de forma perfeitamente apoteótica, em sintonia com tudo, faz-nos pensar que talvez Trier tenha razão, talvez. Talvez a Mulher não seja tão boa rês como se pinta, senão não calçava os filhos ao contrário, é que quer dizer isso não se faz, não é? E, cereja no topo do bolo, a tesourada ao CLÍTORIS, não fosse Lars von Trier o cineasta da ruptura (ZUC, já está!). Artística, metafórica e literal. FENOMENAL! O artista tem nome: LARS VON TRIER...
Mas eu sou muito esquisito, não liguem..
"Por amor de Deus, o artista é um bom artista, não havia necessidade.." (Diácono Remédios, provedor da Herman Enciclopédia)
"Longa sessão terapêutica de um casal - refugiado no "Éden", claro - para tentar distinguir a sexualidade da culpabilidade que no prólogo lhe foi associada (por negligência "orgástica", digamos), "Anticristo" vive de psicoterapia sobre-explicada, diálogos cheios de retórica (profundamente maçadores) e cenas de sexo agressivo. Começa como Bergman, aproxima-se de Cassavetes, rouba ideias (a bruxaria ligada ao desejo feminino) a um velho filme dinamarquês (o sublime "A Feitiçaria Através dos Tempos", de Benjamin Christensen, que von Trier obviamente conhece), acaba à tesourada tipo Oshima. Pena já não estarmos em 1975. "Anticristo" não é um filme feito para se ver, é um filme feito para se falar sobre ele. Oferece a cana, o anzol e o isco: tem imenso para "interpretar", fará furor em sessões com "debate".." (Luís Miguel Oliveira)
Leitura recomendada: "O mau gosto reina" / "o pior realizador do mundo", ou, "prontos", críticas positivas ao filme: Anti-cristo / "Anticristo": o último reduto / Anticristo (2009)
5 comentários:
Von Trier lá vai criando quem o odeia e quem o ame...
Consigo compreender o teu desagrado, mas discordo dele por completo. Não vou de encontro com a sua personalidade egocêntrica e cheia de pretensão, mas o homem redefiniu o cinema como arte e criou obras que ficarão na História. Casos são o "Europa", "Os Idiotas" ou o "Dogville", que é o meu preferido.
É controverso mas ainda bem que o é. Diz o que quer quando quer, faz o que quer como quer - e expulsa todos os seus ódios, todo o seu "id" e cria o que cria, sem tabus, sem preocupações, com exímia liberdade que o faz ser um verdadeiro cineasta.
"Anticristo" é uma prova do que ele consegue fazer de melhor. Pega em temas que já se tornaram algo convencionais e envolve-os em torno dos seus medos e desejos, desconstruindo a humanidade em essência.
Penso que deves tentar-te em redescobrir quem Lars realmente é e consegue fazer. Acho que te vais surpreender.
Abraço
Obrigado pela sugestão. Não poderá toda a gente estar de acordo contigo, não é. ANTICRISTO é uma uma-prima sublime e genial.
Cumps.
Roberto Simões
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Flávio, não irei tão longe e dizer que a minha opinão sobre ele não possa mudar. De qualquer maneira, como tu me dizes que o devo redescobrir (não vai ser nos tempos próximos, tenho outras prioridades), também eu te posso dizer que deves (re)descobrir cineastas como Howard Hawks (favorito cá da casa), Fritz Lang, Nicholas Ray, Samuel Fuller, Jacques Rivette, Alain Resnais, Billy Wilder, Orson Welles, Yasujiro Ozu, Béla Tarr, Jan Svankmajer, entre outros.
O Cinema que me enche as medidas está todo na ala esquerda do blog. Trier, claro, não figura nem, parece-me, figurará...
Uma salada - bem - saloia e que denigre a alguma legitimidade que poderias ainda ter ao falar de arte (conheces o lugar da arte, aqueles nervos que vão do olho à consciência?), é esta PIÇA «argumentativa» infantil disfarçada de texto.
Lamentável e vergonhoso.
O Antichrist é um filme mauzito, básico, só enche olho a iniciados, canalha à procura de afirmação...
O primeiro dele é uma masturbação estilística, de alguém que andava à procura de um lugar especial: encontro-os aqui; Von Trier é: Dogville, Breaking The Waves, Europa, Dancer, Idioterne. O Dogville é o melhor filme do cinema contemporâneo (e «cinema contemporâneo» é teorético e filosófico, não significa «que se faz hoje», espero que, pelo menos, o saibas...)
Ri-me também pelo facto de mencionares o Svankmajer, que é um tipo ainda mais soturno, negróide, antónimo mesmo, e existencial do que o Trier (risos).
Não era um texto sobre o significado da Arte, que não são aqueles nervos que vão do olho à consciência. Sobre isso escreve tu...
E ao melhor Trier oponho o pior Svankmaker.
Com o devido respeito:
http://www.youtube.com/watch?v=pfE_98yy2iw
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