segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011



Tom Hooper?

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Petição (V)


I / II / III / IV

Percebo pouco de política, mas também não quero perceber mais. O resultado da ida ao parlamento foi, realmente, não haver resultado. O que é frustrante porque se estabeleceu desde o início da reunião que há um problema com a actual "programação" da RTP2. (Que continua. Hoje passa-se o "Laço Branco" e o "Persepolis" - coisa sem ligação alguma, excepto talvez serem os dois a preto e branco, não sei). Não se quer é fazer muito para mudar isso, parece.

Penso que em Portugal, e se calhar não só, se confunde muito a crítica com censura. A petição não quer destronar ninguém, a petição aponta certos erros e quer estabelecer um diálogo com a actual direcção da RTP2, não a acha desprovida de bom senso, como é óbvio. Oferece algumas alternativas, estão no blogue. Não discordamos da programação do canal por não gostarmos dos filmes (e a seguir falo por mim), a programação não consegue suscitar (criar) um gosto cinematográfico em alguém (em jovens, principalmente) esgota-se na repetição de constatações perfeitamente escusadas: seja mostrar que só há um retrato da geração "hippie", o "Woodstock", ou que o cinema de Sam Peckinpah se esgota no "Wild Bunch" e no "Pat Garret", etc. Amar o cinema é amar a sua variedade, é prever que há surpresas, é programar de acordo.

Precisamos de 4000 assinaturas para isto ir para plenário. Esperamos chegar lá.

Assinem, por favor.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011


Yolanda and the Thief
, o melhor musical do Mundo.

2ª série dos Planos (III)


I / II

Uma ou duas vezes por semana, convido bloggers a escolher um plano e a falar também sobre ele. O terceiro convidado é o João Gonçalves, do Modern Times, que escolheu o primeiro plano de Boogie Nights (1997), de Paul Thomas Anderson.



"É verdade que fui pelo mais acessível e pelo mais fácil de nos impressionar. O plano sequência é aquele que mais fascina a maioria. Poderia escolher um plano do Monument Valley filmado pelo John Ford, ou simplesmente, um plano de um personagem de um filme do Ozu. Pensei nos belos planos que Tarkovsky criou em Offret, A Infância de Ivan ou em Stalker, por exemplo.

Mas como todos os dias são diferentes, hoje fiquei-me por um dos mais influentes cineastas americanos da actualidade, Paul Thomas Anderson. Influenciado por Scorsese neste plano, mais concretamente por Goodfellas. Do exterior para o interior, somos convidados a conhecer o espaço, o ambiente, e os personagens que vamos acompanhar ao longo do filme. No plano, a recriação dos anos 70, o bar, as roupas, a música. Boogie Nights é um dos melhores filmes dos ano 90, sem dúvida alguma". (João Gonçalves)

O próximo convidado é o José Bértolo.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

2ª série dos Planos (II)



Comecei a rubrica Planos por um lado, para complementar os outros posts, de forma a que se soubesse o que andava a ver, por outro, para (re)lembrar a importância vital do plano, por achar que, de uma forma geral, não se fala de (nem se discutem) planos por essa blogoesfera fora.

Uma ou duas vezes por semana, convido bloggers a escolherem planos e falarem também sobre eles. O segundo convidado é o Álvaro Martins, do Preto e Branco, que escolheu o último plano de Landscape in the Mist (1988), de Theo Angelopoulos.


"Quanto ao plano escolhido, é um plano geral fixo (embora com leves e lentíssimos movimentos que não implicam deslocação da câmara), é o último plano do filme Paisagem na Neblina do grego Theo Angelopoulos (um dos meus cineastas de eleição), e o plano filma duas crianças (as protagonistas do filme) indo em direcção a uma árvore. Penso eu, que a árvore aparece ali como que a simbolizar o destino (o destino duma árvore é aquele, inerte, inevitável), e por isso aquelas duas crianças que durante o filme vivem numa constante procura utópica do pai até que neste final se compreende toda a inevitabilidade desse destino da orfandade paternal. Não há nada que eles possam fazer, por mais que procurem nunca encontraram o pai (e Angelopoulos nunca nos diz se está vivo, se está morto ou se não quer ser encontrado, nem interessa para nada), assim como as árvores nunca sairão do sítio. E o plano é brilhante, a forma como procura enevoar todo o cenário como uma metáfora da recusa da aceitação de tal condição por parte das crianças, dissipando-se lentamente (a névoa) à medida que as crianças alcançam a árvore, até ao desaparecimento total da névoa (a recusa) quando estes abraçam a árvore. Penso que seja assim." (Álvaro Martins)

O próximo convidado é o João Gonçalves.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Belíssima em Professione: Reporter




Razões para gostar de John Carpenter



por Luís Miguel Oliveira



Pela obra

Com "Fantasmas de Marte", Carpenter assina a 20ª longa metragem de uma obra iniciada em 1974 com "Dark Star". Alguns desses vinte títulos foram grandes sucessos de bilheteira ("Halloween", de 1978, por exemplo), outros grandes fracassos. Quase todos, pelas mais diversas razões, se tornaram objecto de cultos particulares. Em conjunto, a obra de Carpenter aparece hoje como uma coisa subterrânea, espécie de inconsciente dos últimos 30 anos do cinema americano - e de vez em quando salta cá para fora e revela-se, numa mescla de assombração poética e exercício prático de crítica.

A coerência.

Não é forçosamente o valor essencial de obra nenhuma, mas a coerência da de Carpenter é impressionante. Mesmo nos seus filmes menos pessoais (os daquele período dos anos 80 em que se deixou enredar pela máquina dos grandes estúdios) há um método e um olhar. A definição de "autor" segundo Carpenter: "um artista que sabe mostrar em cada um dos seus trabalhos o seu próprio ponto de vista e os seus próprios interesses temáticos, independentemente dos detalhes da produção (actores, argumento, produtores, orçamento, etc)". Há quase 30 anos que é isso que ele faz, com muito ou pouco dinheiro, com histórias de fantasmas ou de extra-terrestres. Ou, como Carpenter também diz, "o importante é atravessar as aparências e saber ver o coração do filme".

O culto do género.

São muitos os vínculos de Carpenter ao cinema clássico americano. De entre todos eles, ressalta o culto dos géneros e dos seus respectivos códigos - muito provavelmente, é o último "cineasta de género" em actividade no cinema americano, e um dos poucos capazes de dar ao termo "género" um sentido contemporâneo. O "terror" e a "ficção científica" são os genéros que, em aparência, dominam a sua obra. Mas no "coração" de muitos dos seus filmes está o "western", cujos códigos se sobrepoem subtilmente aos do "terror" e da "fc". Até nos detalhes: em "Fantasmas de Marte" há comboios, "saloons", minas, localidades com nomes como Shining Canyon, tribos de índios, etc...

O espaço.

É o grande tema de Carpenter, tal como o era na mitologia do "western" clássico. Seria possível reduzir a "intriga" de todos (ou quase todos) os filmes de Carpenter nestes termos: há um grupo de homens (ou de mulheres, como é o caso de "Fantasmas de Marte") e há um espaço que é preciso defender ou conquistar. O enclausuramento (como em "Veio do Outro Mundo", de 1982), o sitiamento ("Assalto à 13ª Esquadra", de 1976), o desbobinar de um território labiríntico ("Nova Iorque 1997", de 1981), a ocupação de porções espaciais (as casas de "Vampiros", de 1998), assim como o avanço no terreno (a sequência do desfiladeiro em "Fantasmas de Marte"), tornam-se elementos narrativos nucleares no desenho, simultaneamente tão abstracto e tão palpável, desta obsessão temática.

O Scope.

Para filmar o espaço, é preciso ter espaço. Serão muitas as razões para que Carpenter filme sempre em scope, formato de que ele é hoje, também, um dos derradeiros cultores. Algumas dessas razões serão puramente estéticas - Carpenter também é um esteta, que precisa do ecrã largo para exprimir a sua sensibilidade (e sensualidade) plástica. Fora isso, no entanto, a amplitude do scope é ilusória: Carpenter serve-se do espaço do scope para o negar, como se o que se ampliasse fosse a clausura, como se se aplicasse uma lupa à exiguidade dos espaços (por exemplo, dos corredores e das pequenas cabinas de "Fantasmas de Marte"). É por aqui que funciona a manipulação psicológica do espectador: vê-se muito (ou julga-se ver muito) para os lados, mas há um opressivo e sistemático bloqueamento da profundidade.

A política.

Carpenter é um paranóico, adepto de variadas teorias da conspiração e possuidor de uma férrea desconfiança de todas as instituições. As ameaças, nos seus filmes, são sempre de cariz totalitário, estejam elas já instituidas ou em vias disso. Em "Fantasmas de Marte" o sistema político vigente é dado em pequenas notações, mas é clara a descrição de um ambiente ultra-controlador do indivíduo. No filme mais paranóico de Carpenter ("Eles Vivem", de 1988), em que todo o mundo estava controlado por extra-terrestres que mantinham os cidadãos numa espécie de hipnose, havia uma cena de pancadaria que durava quase uns absurdos dez minutos. Mas eram dez minutos necessários: tratava-se de uma luta em que uma personagem tentava convencer outra a "abrir os olhos". Luta dura e demorada, evidentemente.

A subversão.

Ao totalitarismo, Carpenter não opõe a democracia - que, pelos seus filmes, parece ser sempre um caminho para a ditadura. O que ele opõe é a mais completa anarquia. O filme mais anarquista de Carpenter é "Fuga de Los Angeles" (1996), que terminava com Kurt Russell a "apagar", literalmente, a civilização contemporânea, obrigando a um recomeço, a um radical "back to basics". O cinema e, mais abrangentemente, a "indústria do espectáculo" não escapam à mira de Carpenter: por que será que os seus vilões (dos sósias de Michael Jackson em "Fuga de Los Angeles") aos "fantasmas" de Marte têm a aparência e a espessura de vedetas MTV e, em grupo (de novo, os "Fantasmas de Marte"), se movem em movimentos coreografados de videoclip ("Thriller", por exemplo)?

Os excluídos.

Não é de estranhar, portanto, que os heróis de Carpenter venham do lúmpen da sociedade, e sejam quase sempre condenados (Snake Plissken, o herói das fugas de Nova Iorque e Los Angeles), escorraçados, figuras remetidas voluntariamente ou não para as margens da sociedade. É como se Carpenter visse neles, paradoxalmente, o último reduto da ausência de corrupção (pelo dinheiro, pelo conforto, pelo estatuto, pela vaidade), e neles encontrasse um sentido de lealdade e justiça (em tudo semelhantes aos de muitos anti-heróis do western clássico) essencial para que a "revolução" se possa dar.

O pragmatismo.

Outra fórmula básica a que se podem reduzir as intrigas do cinema de Carpenter é esta: ficar parado equivale a morrer, é preciso então agir. "I believe in staying alive", diz Ice Cube em "Fantasmas de Marte". É esse cúmulo do individualismo que o faz mover, o que não o impede de reconhecer que o seu interesse possa coincidir com o da "comunidade". Mas não há sacrifícios nem idealismos nas personagens de Carpenter: há que salvar a pele, e tanto melhor se isso ajudar a salvar a pele a outros.

O moderno classicismo.

O cinema de Carpenter não é um cinema de "ruptura" com o clássico, mas a prova de que a transição da idade clássica para a moderna pode ser apenas uma questão de continuidade. Que Hawks e "Rio Bravo" (o filme desse ano de 1959 que culminou uma década em que a saturação do clássico parecia ir desembocar, pelas mãos de Hawks, Hitchcock ou Ford, em qualquer coisa que afinal terá terminado com eles, com o cinema dos "grandes mestres") sejam referências fundamentais em Carpenter, eis um dado que também se presta a uma leitura simbólica: Carpenter transporta o facho de outra época, sem nostalgia, com progressismo, e sempre consciente do legado de que se quis fazer depositário.

daqui

2ª série dos Planos (I)


Comecei a rubrica Planos por um lado, para complementar os outros posts, de forma a que se soubesse o que andava a ver, por outro, para (re)lembrar a importância vital do plano, por achar que, de uma forma geral, não se fala de (nem se discutem) planos por essa blogoesfera fora.

Resolvi, por isso, alargar a rubrica a convidados. O primeiro é o Francisco Rocha, do My One Thousand Movies, que escolheu o primeiro plano de The Loneliness of the Long Distance Runner:


Running's always been a big thing in our family, especially running away from the police. It's hard to understand, all I know is that you've got to run. Run without knowing why, through fields and woods. And the winning posts now end, even though barmy crowds might be cheering themselves daft. That's what the loneliness of the distance runner feels like...

"Ultimamente tenho andado a ver alguns filmes da new wave do cinema inglês (vou fazer um ciclo para a semana) e uma das cenas que mais adorei foram as imagens de abertura de The Loneliness of the Long Distance Runner. " (Francisco Rocha)


O próximo convidado é o Álvaro Martins.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

RIP John Barry




E tinha-me esquecido completamente que a minha canção preferida da saga 007 era dele. Obrigado, John Barry.