domingo, 27 de novembro de 2011
Dez primeiros filmes..
Ana e o soldado
sábado, 26 de novembro de 2011
Meet me in the Bottom
Bring me my runnin shoes.
I said meet me in the bottom,
Bring me my runnin shoes.
When I come out the window,
Won't have time to loose.
When you see me runnin,
No, don't make me late.
When you see me runnin,
No, don't make me late.
Cause I'm coming out the window,
And my life is at stake.
Well, now meet me in the bottom,
Bring me my runnin shoes.
Well, now meet me in the bottom,
Bring me my runnin shoes.
When I come out the window,
Won't have time to loose.
Well, If you see me runnin,
I'll come streakin by. (You better run, boy)
If you see me running,
I'll come streakin by.
She got a bad old man,
You know, I'm too young to die.
NOISES OFF (1992)
Peter Bogdanovich, na sua crítica a Shock Corridor
A good movie is three good scenes and no bad scenes.
Howard Hawks
Do contexto. Bogdanovich adapta uma peça para filme. Uma peça aclamada, uma peça impossível de se adaptar para cinema. Está mais ou menos assente, instituído e dito que é uma má adaptação. Pelos maomés da crítica americana, pelos pensadores de tudo e de nada que aliviam o comum dos mortais de ter que pensar por si próprio, que ditam o destino comercial de um filme a seu bel-prazer se estiverem para aí virados, lançando motes e one-liners baratos a torto e a direito: 'The film's problem is more basic: the attempt to Americanize a fine English farce about provincial seediness. It can't be done.' (Canby) / 'The smell of the greasepaint clings to Peter Bogdanovich's "Noises Off," the antically paced British play that never quite becomes a motion picture' (Kempley) / 'The result is roughly equivalent to the “pan and scan” TV version of a wide-screen spectacle' (Sragow). Epa, eles devem ter razão, escrevem para o New York Times, para o Washington Post. Até podiam ter, mas é escrita tão tendenciosa e obcecada com a peça original que não chega a ser escrita com argumentos válidos..
Whom the gods wish to destroy, they first make great in show business. Bogdanovich teve bastante sucesso quando começou, e não posso deixar de pensar que pensou nele próprio quando escreveu isto na crítica ao filme de Fuller. Coisa que tem que ver com críticos, públicos e tempos. Tempos, sobretudo. Porque se há coisa que Noises Off não é, é uma adaptação. Não, é uma desculpa para fazer comédia hawksiana, lewisiana, tatiana. Nunca passou pela cabeça de ninguém que Bogdanovich fizesse o filme por uma questão de fidelidade a si próprio e ao que adora. Desconstruir o cenário (Playtime), desconstruir a Palavra (His Girl Friday), e o que liga o cenário à palavra (The Ladies Man).
It’s true even of a thing like Noises Off… I tried to serve the text, but it’s also personal; I know those kinds of people, I know that kind of world. And I know it’s not that exaggerated. [Laughs] So it’s hard to keep myself out of them. Some projects are more personal than others. Some projects you can invest yourself more into. (Peter Bogdanovich sobre Noises Off)
Do timing. O filme segue a digressão de uma peça chamada Nothing On, pela América. Por muitas razões, as relações entre os personagens vão-se deteriorando e a peça sofre com isso. A primeira cena serve para conhecermos a peça, habituarmo-nos aos sons e ao espaço. A segunda é construída sobre a primeira, pelas implicações cómicas que as relações entre o elenco permitem, como a terceira é construída sobre a primeira e segunda, nesse mesmo molde. Enquanto a segunda e a terceira cenas se desenrolam (nos bastidores), há uma atenção minuciosa ao espaço e, sobretudo, ao tempo - à duração - do primeiro acto da peça. Que já estaria na peça, não duvido. Duvido é de certas nuances, de certos olhares e piscares de olho. Coisas já do realizador, coisas já de cinema. Porque é tudo pensado em termos visuais e o timing é totalmente cinematográfico. Enquadrar o essencial, dirigir a acção. Não há grandes planos no teatro, não há graduação de escalas no teatro, não há montagem paralela no teatro, não há pontos de vista nem eixos no teatro.
Noises Off, talvez a última gigantesca comédia norte-americana.. da comédia comédia e não da que só faz rir.. porque isso é cada vez mais fácil.
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
A despedida de Sam
Veja-se outra vez Pat Garrett, no cumprimento do dever, a olhar-se ao espelho e a ter a consciência que morreu. Foi-se lhe o espírito e esvaiu-se lhe a alma, num só tiro. O olhar, partido, o orgulho, ferido, a humanidade, desfeita. Percebeu que com Billy partiu o último reduto de um oeste livre, a última fronteira, o último pôr-do-sol. Filmar isto com esta consciência é fodido, é mesmo muito complicado. Cada plano dessa cena final, uma despedida, com uma frontalidade e uma graça inabaláveis. Os passos, pesadíssimos, a cabeça, baixa. Pedras a atingi-lo ao alcançar o nascer do sol. Só se pode descrever, porque não se explica, vê-se, sente-se..
Fala-se de poética e beleza para outras coisas, de Tarkovski de Ozu, de Erice, usem-se também essas palavras para isto, para o momento em que Sam foi tão humano quanto uma pessoa pode ser, para o momento em que a sensibilidade falou mais alto, para o momento em que o cowboy olhou as nuvens e percebeu que estava na hora de morrer, com o passado, o presente e o futuro em perspectiva plena.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
terça-feira, 22 de novembro de 2011
2ª série dos Planos (XXVIII)
"Escolhi este curta metragem, feito em um único plano, por ele me ter sido, especialmente nesses últimos meses, inspirador. Há um tempo, apesar de amar os filmes e adorar comentá-los com amigos, faltava-me um impulso que me transporia para o estágio que me faria filmar. Confesso que eu sentia medo de ligar a câmera. De estar, num apertar de botão, tão perto dos filmes e diretores que eu admiro. A certeza de não estar à altura daqueles que até hoje já me deram tanto: alegrias de descobertas, amizades e até a vontade de aprender línguas.
Mas, afinal, sem lamentações, o que me disse esse curta do Laurent Achard? De partida, eu vejo ali uma grande obsessão: a criança, o cachorro, a mãe, nada sai do retângulo do enquadramento e principalmente, naquele intervalo de tempo, a cena se redistribui para, ao seu término, voltar ao lugar de onde começou. Eu me peguei pensando nas vezes que se precisou refilmar, contando com o acaso (aquele cachorro) para que desse certo. Para fazer um plano só que lhe agradasse.
Mais: pensei na sensibilidade que é preciso para filmar aquilo sem se aborrecer. Como não se frustrar até a chegada do momento onde suas obsessões enfim ganham forma? Achard me disse que eu preciso me reservar isto: ir sem pressa, ter paciência, determinação. Alguma hora vou poder filmar algo que termine por ser uma parte minha, como este filme me pareceu, em toda a sua economia e rigor, ser dele." (Matheus Cartaxo)
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
2ª série dos planos (XXVII)
Neste plano que dura cerca de 3 minutos, tudo está em perfeita sintonia: as cores escuras, a meia luz, o tom intimista (que caracteriza bem toda esta trilogia), mais parecemos estar num confessionário de uma igreja. A frase inicial "I believe in America" ilumina a ideia de que América está no centro de todo o enredo, que explica as peripécias, que justifica todas as acções dos personagens. É a América da imigração, a terra de uma nova vida, dos novos começos, de todas as possibilidades. Num filme recheado de planos impressionantes, este é na minha opinião um dos maiores começos de sempre do cinema." (André Sousa)